segunda-feira, outubro 18, 2010

Que cidadania é essa?

Refletindo sobre uma redação que escrevi ontem sobre cidadania e o papel dos educadores e da escola, me peguei pensando em qual a cidadania que tais atores estão incubidos de forjar.

A todo instante a educação, escola e os (as)educadores (as) ganha uma nova gama de tarefas a serem cumpridas em prol de uma sociedade justa e igualitária, mas quais as condições concretas oferecidas a fim de que tais demandas possam ser verdadeiramente cumpridas? Ou melhor quais condições concretas são oferecidas e qual tipo de sujeito se quer " formar" a partir do que é oferecido?

Uma contradição hora outra se instaura, que tipo de cidadania poderei promover se não a exerço plenamente?  Como estimular alguem a exercer algo que verdadeiramente não exerço? Como estimular alguem a romper com a lógica de opressão, se diversos tipos de direitos lhes são e me são negados?

Ou que tipo de sujeito consigo " forjar"? O verdadeiro emancipado ou o pseudo-emancipado? Aquele que apenas atende aos padrões de emancipação desenhado pelos orgãos internacionais, ou aquele problematizado por Paulo Freire, Adorno, Marx?

Pensar no papel da escola e dos educadores frente a construção de sujeitos autonomos perpassa por pensar  quais as condições sociais e quais a articulações necessárias para que a tal cidadania possa ser construida e exercida, perpassa por pensar muito mais que estratégias pedagógicas, quais unidades didáticas haverão de ser utilizadas,  quais elementos interdisciplinares poderão ser desenvolvidos, alcança a necessidade de mediação de atores politicos comprometidos com o desenvolvimento e garantira de politicas públicas eficientes, de integração entre comunidade- escola, de integração entre objetivos e projetos.

É muito simples forjar um pseudo-emancipado, um pseudo-cidadão, alguem que basicamente sabe dos seus direitos e deveres, alguem que sabe tecer criticas, todavia, como professora tenho o compromisso com algo muito maior que a lógica posta, como alguem que busca incessantamente exercer sua cidadania, mesmo sendo também uma oprimida, que ao lado dos pares vivencia a negação de direitos e a omissão do estado em muitos questões, tenho lado, me coloco enquanto parceira daqueles que ansiam por plenitude, e assim questiono a insistente entrega de tarefas salvadoras a educação, a educação pode, mas não sozinha propiciar a transformação, pode juntamente com diversos outros fatores desenhar um caminho diferenciado e iludem e iludem-se aqueles que pensam que sozinhos são capazes de transformar o mundo, pois apenas estão sendo manipulados para assim acreditarem e nada concreto conseguir fazer.

Entendo pois, que a transformação e emancipação que nos colocam no colo, enquanto educadores  (as ) perpassa por uma intima interligação de diversos atores e diversas estratégias, a construção de agentes de transformação, perpassa pela liberdade de ação.

Quero contribuir para o estimulo a leitura critica e reflexiva, quero contruibuir para o desejo de libertar-se, ser acendido, mas quero também que os caminhos para isso possam ser traçados, ou seja quero valorização profissional, quero condições didáticas, quero gestores capacitados... quero que acreditem no que nos pedem para fazer e não nos tratem como marionetes, quero que respeitem meus alunos como sujeitos capazes e possuidores de uma história e não como numeros.






Um comentário:

Lorena Pedreira disse...

Muito bem pensado e coerente a reflexão que vc propõe...pensar uma lógica de ser cidadão a partir dos papéis que assumimos e nos são direcionados pela própria sociedade, requer analises sobre o que entendemos sobre cidadania, compreendendo-a para além de um conjunto de deveres e direitos, mas sim como uma condição de vida em sociedade. Um ponto que me chama atenção é onde vc lança a ideia do papel dos educadores na intervenção sobre o desenvolvimento desses educandos para que se tornem agentes transformadores da realidade social em que vivem...fica para nós, muito mais do que apontar a necessidade de repensar nossas práticas educativas, mas também perceber em que medida estamos sendo cidadãos/ãs.