
Sabe-se que no dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, situada ao norte de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.
A manifestação foi reprimida com extrema a violência, as mulheres foram trancadas dentro da fábrica, a qual foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas. Essa celebração a mulher, de valorização e homenagem foi instituida no ano de 1910, durante uma conferência na Dinamarca em homenagem as tecelãs.
Esse trágico episódio demarca um dos diversos fatos que historicamente a mulher enfrentou e enfrenta em uma sociedade que nomeou (e ainda nomeia) corpos dotados e os não-dotados de poderes que são vividos, produzidos e legitimados como "naturais". Uma sociedade dicotomizada, que aos homens sempre concedeu uma posição de privilégios em relação à mulher, em que muitas vezes as diferenças biológicas serviram de base para naturalização das desigualdades.
Venho de uma educação extremamente aberta, em que dialogo aos poucos se transformou em realidade, em um elemento corriqueiro, de uma educação em que a amizade e confiança foram e ainda são a base de sustentação. Minhas escolhas sempre foram respeitadas e quando divergências houveram, foram sempre dirimidas na base do respeito e da dialogicidade, nunca na imposição. Minha mãe sempre me "criou" para viver o mundo e no mundo, nunca para passar por ele dentro de amarras, correntes, longe da possibilidade de interferir nele.
Por isso, hoje em mais uma celebração de vida, a minha mãe e ao meu pai, agradeço a possibilidade de ser alguém pronta para exercitar a liberdade, de ser alguém que entende a importância que se configurou a luta das tecelãs que foram queimadas ainda em 1857, por ser alguem feliz. Aquelas tecelãs, agradeço a possibilidade de ter muito orgulho por ter nascido nesta data, a qual ainda que tenha representado uma tragédia demonstra que a força feminina renova paradigmas.
Entendo que é no cotidiano da casa, do bairro, da escola, da escola, da empresa, das cidades, que estão materializados os efeitos da dominação, da exploração e da injustiça social. Ét aí, onde a desigualdade se reproduz como parte da existência humana, mas é aí também que os movimentos de lutas cotidianas, quase sempre invisíveis, tomam forma como parte dessa existência.
A luta feminina é uma constante busca pela construção de novas bases de valores sociais e culturais, é uma luta pela verdadeira democracia, a qual deve centrar-se na equidade entre homens e mulheres e avançar para a igualdade entre todos os seres humanos, suprimindo as desigualdades de classes.


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