Reunião

Nada em especial se teve na reunião, a não ser aquele pares de olhos inquietos que não conseguiam disfarçar a curiosidade e a vontade de estar ausente daquele espaço


Após todos estarem acomodados, a pauta de discussão permeou pelo fim de semana de despedida das férias, desde a escolha das musicas até o tipo de bebida e comida e os lavadores oficiais de prato e os cozinheiros


A eleição foi apertada em cada tópico, mas enfim as 18horas, deu-se por encerrada a ultima discussão antes da viagem.




Inicia-se então a parte lúdica daquele encontro de amigos, os recem-chegados e os veteranos interagem de maneira divertida, uma previa do fim de semana, joguinhos, drinks, sorrisos empolgantes, historias de tempos outros e Leticia deitada na rede, com seus fones no ouvido e MP6 dedilhando na mão, pezinhos roçando um no outro, parecia estar alheia a tudo.


O pensamento fluia ao lembrar dos ultimos e conturbados meses que viveu em casa, por conta de suas escolhas, por conta de seus desejos e por tudo isso ser divergente do que sua mãe, Claudia Lins, professora universitário da mais antiga instituição de ensino da cidade, sociologa renomada, uma mulher sorriso largo e olhos miudos, entendia como ser prioridade na vida de uma pessoa. Seu pai, musico por amor e engenheiro por formação, achava que a liberdade era sinônimo do nome Leticia, e estimulava toda e qualquer invenção que a filha pensasse em realizar.


O clima fora tenso nos ultimos meses e agora a beira do fim das férias, Leticia se deixava cair nos movimentos da rede, absorta por desejos de dias mais calmos e bons acontecimentos.




Por volta das 21:30, o pessoal foi se despedindo e muita empolgação se percebia...Danilo encantado pelos olhos que nunca viu brilhar tanto da Beth...Bento só sorrindo pela turma sensacional que havia acabado de conhecer e passar horas de grande diversão...e a cada esquina um ficava e a conversa era sobre o que de bom houve e quanto será melhor.


Danilo, Leticia, Bruno e Joshua...os moradores da ultima rua, seguiam tranquilos pela calçada, o ceu estrelado, sem nuvens, com uma lua crescente, o caminho vazio, somente contando com os caes e gatos companheiros de vizinhança a perambular.




Ao cruzar o portão de casa, ao lado de Joshua, menino educado, amigo de toda hora, calmo, sereno, engraçado, um rapaz alto, de cabeleira espessa e crespa, sempre envolta a tranças e modelos inovadores, Leticia ouviu o som de algo sendo quebrado, chegando proximo a porta, ja se ouviam os gritos e os amigos se entreolharam sem nada entender.


A porta de casa, a menina deparou-se com o que classificou como uma cena de guerra, moveis bagunçados, porcelanas quebradas, gritos, papeis espalhados e a sensação de que nada após aquela noite seria como antes.